Mulheres no controle: empoderamento, desafios e oportunidades no universo de e-sports

por Luciana Biano

50,9% das mulheres estão consumindo jogos digitais. Mesmo assim, o mercado dos jogos eletrônicos para elas ainda é complexo e desafiador, apresentando uma série de obstáculos

O Dia Internacional da Mulher é um marco significativo que não apenas reconhece, mas também celebra as conquistas sociais, políticas, econômicas e culturais das mulheres em todo o mundo. No entanto, apesar dos avanços, a luta contínua por igualdade de gênero e pela inclusão em áreas tradicionalmente dominadas por homens persiste. Esta batalha estende-se até mesmo ao cenário dos esportes eletrônicos, mas é importante notar que essa realidade está gradualmente mudando.

A última edição da Pesquisa Gamer Brasil, conduzida entre dezembro de 2023 e janeiro de 2024, revelou um aumento significativo no número de mulheres consumidoras de jogos digitais, representando 50,9% do perfil geral, mais uma vez se tornando a maioria. Esse crescimento é atribuído em parte ao uso generalizado de smartphones, uma plataforma historicamente mais popular entre o público feminino.

Entretanto, apesar desses números promissores, a pesquisa revela que para 79,5% dos 13.360 entrevistados, os jogos eletrônicos ainda são predominantemente considerados uma forma de entretenimento. Essa percepção pode representar um obstáculo significativo para as mulheres que desejam ingressar no meio competitivamente, dificultando seu acesso e participação.

Principais desafios enfrentados pelas mulheres no e-sports 

Uma das principais barreiras enfrentadas pelas mulheres no universo dos jogos eletrônicos é o acesso ao cenário competitivo de maneira remunerada. Com frequência, as oportunidades para integrar equipes profissionais de e-sports são limitadas, especialmente em jogos onde a presença masculina é predominante. Não obstante, algumas modalidades têm buscado soluções inclusivas, como a criação de cenários específicos para mulheres, proporcionando-lhes uma chance de competir em igualdade de condições.

As premiações em competições também se mostram falhas. As premiações muitas vezes não refletem adequadamente o esforço e o talento das mulheres, e persiste uma desconfiança em relação às suas habilidades. Isso sublinha a necessidade contínua de valorizar e recompensar devidamente as contribuições das mulheres para a comunidade de jogos. 

“Reconhecimento é a parte mais difícil na carreira de uma mulher gamer. Infelizmente, ainda há muita desconfiança do público em geral quando o assunto se trata da qualidade do trabalho de uma player. Isso só fortalece o discurso machista de que ela é boa demais para ser mulher. Dificilmente um homem passa por esses questionamentos. Além de tudo isso, as premiações existentes são muito baixas para se manter o cenário”, analisa Luiza Trindade, conhecida como Croft e gerente de e-sports do Team Solid

Outra dificuldade enfrentada é a persistência dos estereótipos de gênero. As mulheres são frequentemente confrontadas com expectativas irreais em relação aos padrões de beleza, o que pode afetar sua aceitação e progressão na indústria. Ademais, o machismo e o assédio nos jogos online representam sérios obstáculos, muitas vezes resultando na interrupção de suas experiências de jogo.

Felizmente, as comunidades de jogos e as empresas do setor estão empenhadas em criar ambientes mais acolhedores e inclusivos para as mulheres. Isso engloba o apoio a projetos voltados para mulheres e inclusivos, a implementação de políticas de denúncia de assédio e a promoção da diversidade em todas as áreas da indústria.

Universo do e-sports feminino: quais são as oportunidades e  novidades? 

Embora o acesso ao cenário competitivo seja desafiador, existem áreas na indústria de jogos que oferecem oportunidades específicas para as mulheres. Por exemplo, a narração (casting) de jogos tem testemunhado uma predominância de mulheres. Além disso, iniciativas que promovem o desenvolvimento de jogos com foco em públicos diversificados também abrem portas para desenvolvedoras e designers.

Outro aspecto positivo é a inclusão de personagens femininas bem desenvolvidas nos jogos, desempenhando papéis significativos na representação das mulheres neste universo. Personagens femininas fortes e diversas não apenas refletem a realidade, mas também proporcionam uma sensação de empoderamento para as jogadoras. No entanto, é crucial reconhecer que essa representação deve transcender o aspecto emocional e contribuir para a quebra de estereótipos de gênero.

Treino é treino, jogo é jogo

As mulheres estão cada vez mais presentes no universo dos jogos, tanto como jogadoras quanto como espectadoras e profissionais. Os gêneros de jogos mais populares entre elas, como os FPS e os Battle Royale, conquistam um público feminino significativo, não apenas como jogadoras ativas, mas também como espectadoras e até mesmo como narradoras de partidas. Além disso, jogos como Free Fire têm sido especialmente atrativos para as mulheres, com mais de 50% do público sendo do sexo feminino, enquanto Valorant também se destaca, oferecendo oportunidades profissionais valorizadas no jogo.

 Nesse mercado, as mulheres estão se destacando como desenvolvedoras, jogadoras e influenciadoras, buscando oportunidades e equipes que reconheçam seu talento e contribuição para a comunidade gamer, mesmo que enfrentam desafios únicos ao longo do caminho. 

Para Luiza Trindade, para que os estúdios de desenvolvimento de jogos melhorem a representação e o incentivo à inclusão das mulheres em seus produtos e ambientes de trabalho, é preciso acreditar nas habilidades das jogadoras. “As empresas podem e devem apoiar as desenvolvedoras em projetos focados na inclusão feminina no cenário gamer, promovendo elencos competitivos equilibrados e proporcionando o mesmo nível de apoio dado a outros jogos. Priorizando a inclusão com base no mérito profissional demonstrado pelas mulheres, independentemente da área, reconhecendo e valorizando sua competência como critério fundamental” afirma Luiza.

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Team Solid

Time de e-sports profissional criado em 2018 por Marcos Guerra. Inicialmente jogando Clash Royale, o Team Solid foi campeão brasileiro e campeão também da NoTilt, competição internacional renomada. A empresa então expandiu suas atividades para outros jogos mobile como PUBG, Mobile Legends e FreeFire, chegando nas principais ligas de cada jogo e vencendo campeonatos de grande relevância. Continuando sua caminhada, o Team Solid entrou no mundo dos jogos de computador, investindo pesado no Counter Strike: Global Ofence (CS:GO) e agora no Counter Strike 2 (CS2), atingindo atualmente a décima posição no ranking HLTV. Com ótimos resultados e presença em torneios internacionais logo no início, a empresa está focando no Counter Strike para alçar voo nos jogos de PC.  Com crescimento acelerado e sustentável, o Team Solid está se estruturando e se posicionando como uma empresa séria e de confiança. Os sócios trazem um background de empreendedorismo, investimentos e experiência em empresas multinacionais. Saiba mais.

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